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15/12/2017 | 13h12min

Os pratos tradicionais da ceia de Natal

Peru, rabanada e nozes... Conheça a história dessas delícias que compõem o tradicional jantar natalino

Pode parecer estranho, mas a origem da ceia de Natal remete a tempos anteriores a Jesus e dos registros bíblicos do novo testamento.

 

Constantemente atribuído ao nascimento do Cristo católico, o banquete natalino (em versão rudimentar) era preparado por povos pagãos em comemoração ao solstício de inverno, antes mesmo do império Romano.

 

Coincidentemente, a noite mais longa do ano no hemisfério norte geralmente acontece entre os dias 22 e 25 de dezembro, dia do Natal. Nesta festa do solstício, os alimentos eram servidos entre os cidadãos da aldeia, que também os usavam para presentear os seus entes queridos.

 

Os alimentos que hoje fazem parte da ceia brasileira têm diversas origens. O peru assado, por exemplo, é uma herança dos índios da América do Norte, enquanto que a rabanada e o bolinho de bacalhau, por sua vez, vieram com os patrícios portugueses.

 

Biscoitos de gengibre


Muitas histórias cercam a real origem dos biscoitos de gengibre e mel, ingredientes principais dos “pequenos homenzinhos natalinos”. Uma delas remete ao século 15, na Europa, onde já havia a tradição de construir casas e bonequinhos de pão de mel – fato que inspirou, séculos mais tarde, os irmãos Grimm a criarem o famoso conto João e Maria. Outras histórias atestam que os biscoitos natalinos foram criados nesta mesma época, por monges que tinham acesso aos ingredientes principais para criar os bonecos. Já outra corrente de pesquisadores aposta em uma versão inglesa, em que a rainha Elizabeth I, em uma de suas festas, disse aos cozinheiros para confeccionarem pequenos homens com o rosto de cada convidado. O que se sabe, com certeza, é que o um tipo rudimentar de pão de mel já existia por volta do século 10 e era consumido na região que hoje pertence ao território russo. Chamado de "pryaniki", o bolo era constituído de uma mistura de farinha, mel e suco de frutas]

 

Peru assado


Um dos pratos mais famosos da ceia de Natal, o peru tem sua origem relacionada aos povos que habitavam a América do Norte pouco antes do "descobrimento" pelos europeus. Natural das florestas da América do Norte, a ave já era domesticada e criada pelos astecas e pelos índios norte-americanos há tempos, sendo tratada com um verdadeiro prêmio quando uma tribo dominava outro território. Feito em banquetes, o peru era servido acompanhado por cebolas, alho-poró e um molho a base de pimenta. A ave (que até então se chamava “galinha da Índia”) foi levada para o velho continente e em pouco tempo substituiu o cisne, o ganso e o pavão como ave oficial da ceia natalina.

 

Panetone


É fato que ele nasceu na Itália. Uma das histórias mais aceitas é a de que o primeiro panetone saiu de um dos fornos das diversas padarias de Milão, em meados de 1400 d.C. De acordo com essa versão, que já ganhou status de lenda, um jovem padeiro, apaixonado pela filha de seu patrão, elaborou uma versão rudimentar do pão doce para impressioná-lo. A iniciativa deu certo e a receita fez o maior sucesso entre os clientes do lugar, que pediam insistentemente pelo "Pani de Toni" (pão do Toni). Com o tempo, a palavra evoluiu para "panattón" (vocábulo milanês) e depois para "panetone" (italiano). Após passar por diversas transformações ao longo dos séculos, o ”pão do Toni” ganhou o seu aspecto atual no século 18, com o formato circular e a disposição das frutas cristalizadas. Há também variações feitas com chocolate, sorvete, e também panetones salgados.

 

Nozes e castanhas

 

A associação entre o Natal e as nozes remonta às espécies de nogueira nativas da Europa e Ásia, que dão frutos no fim do outono e começo do inverno. Devido à facilidade de seu armazenamento e valor calórico, acabaram se tornando alimentos bastante consumidos para quem pretende suportar temperaturas extremamente baixas. Estima-se que as nozes façam parte da dieta dos humanos desde os primórdios da espécie. Contos de Natal, comoO Quebra-Nozes, de Ernst Theodor Amadeus Hoffmann, publicado em 1881, ajudaram a popularizar a fruto seco nos quatro cantos do mundo. No Brasil, as mesas de Natal incluem nas receitas dos pratos variantes nacionais, como a castanha-do-pará, que é servida com outros tipos de castanhas.

 

Bolinho de bacalhau

 

Assim como outros pratos que compõem a ceia brasileira, o bolinho de bacalhau tem sua origem atrelada aos colonizadores da América. Neste caso, os portugueses. Considerado uma das heranças da culinária mediterrânea, o petisco já era consumido em larga escala há pelo menos dois séculos atrás. Feito com batata e lascas do peixe, que é fartamente encontrado nos mares da região, o bolinho teve sua primeira versão oficial documentada em 1904, no livroTratado de Cozinha e Copa, escrito pelo oficial português Carlos Bandeira de Melo, que adotava o pseudônimo de Carlos Bento de Maia.

 

Frutas

 

Servir frutas e usá-las para decorar a mesa natalina é uma das variações de um costume antigo, adotado na Roma antiga para homenagear o "solstício de inverno" – a noite mais longa do ano, quando a Terra atinge o ponto mais distante do sol. No hemisfério norte, esse fenômeno acontece por volta do dia 25 de dezembro. Tâmaras, uvas e pêssegos eram banhadas em ouro para ornamentar a casa. Hoje, com a variedade de frutas vendidas no verão brasileiro, a ceia ganhou uma variedade tremenda de cores e sabores.

 

Leitão assado

 

Homens assam leitões em ocasiões especiais desde a fundação do Império Romano. Porém, o comércio destes animais só teve inicio no século 8, devido, provavelmente, a uma superpopulação em diversos pontos da região conhecida hoje como península ibérica e também da Itália. Por conter muita gordura acumulada, geralmente o suíno era consumido no inverno, quando as pessoas precisavam de uma alimentação mais forte. Outra vantagem atribuída à alimentação do animal neste período é a conserva de sua carne, que poderia ser feita na própria banha do leitão.

 

Rabanada


A receita feita com pães, leite e ovos foi criada para recuperar mulheres após o parto. Natural da península ibérica, o doce foi caindo no gosto do povo aos poucos, sendo que no começo do século 20 se tornou um alimento comum nas tabernas de Madri, na Espanha. Acompanhado de vinho, a rabanada também é muito associada aos períodos religiosos, como a quaresma, talvez pela falta de carne no cardápio. Seus primeiros registros históricos são datados do século 14, em Portugal, e foram feitos pelo poeta espanhol Juan del Encina. Já a primeira receita documentada pertence ao livro de Francisco Martinez Montiño, servidor da Coroa Real da Espanha no período.

 

 Salpicão

 

Raros são os pratos da ceia do brasileiro que, de fato, nasceram em solo tupiniquim. Um destes escassos exemplos é o salpicão, que contrariando a regra, nasceu como conhecemos bem aqui no Brasil. O nome da salada veio da palavrasalpicón, comum na culinária mexicana e francesa, que é o ato de preparar um ou mais ingredientes crus ou cozidos em um determinado tipo de molho. Já em Portugal, a palavra salpicão é atribuída a um tipo de embutido. A versão atual deste prato no Brasil tem seus primeiros registros em meados da década de 50. Entre as variações conhecidas ao paladar brasileiro, os ingredientes que correntemente são atribuídos ao prato são: a maionese, cenouras, batatas, pimentão de varias cores, carne de frango ou peru, salsão e pimenta, além de frutas como abacaxi, cereja, maçã verde e uva passa.

 

Vinho


Uma das mais antigas bebidas da humanidade, o vinho tem seus primeiros relatos retratados na China, quase seis mil anos antes de Cristo. O auge de seu consumo aconteceu na Idade Média, quando a forte influência da Igreja Católica baniu até mesmo a cerveja da Alemanha (considerada bárbara) para que o vinho fosse adotado como bebida oficial para as celebrações cristãs.

 


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