A primeira onda da pandemia de Covid-19 foi responsável, em média, por 20% mais mortes, direta e indiretamente, que os números oficiais de 20 países ocidentais, normalmente observados em um mesmo período em anos anteriores - aponta um estudo publicado nesta quarta-feira (14).
Dezenove nações europeias, Austrália e Nova Zelândia registraram um total de "cerca de 206 mil mortes a mais do que o esperado, se a pandemia de Covid-19 não tivesse ocorrido" entre meados de fevereiro e o final de maio, informa este estudo de modelagem matemática, publicado na revista Nature Medicine.
Apenas 167.000 óbitos foram, porém, oficialmente atribuídos à Covid-19. A diferença, em torno de 40 mil mortes, pode ser atribuída à doença de duas formas. Diretamente, quando no início da epidemia os hospitais lotados não podiam testar sistematicamente todos os seus pacientes. E indiretamente, com falecimentos por outras causas, que a sobrecarga dos serviços de saúde não conseguiu evitar.
Inglaterra e País de Gales, bem como Espanha, parecem ser as nações mais afetadas, com um aumento de 37% a 38% na mortalidade em relação aos níveis esperados na ausência de uma pandemia - contra um aumento de 18%, em média, em todos os países analisados.
Seguem Itália, Escócia e Bélgica, enquanto França ocupa a 8ª posição, com um aumento relativo de óbitos de 13%. Um grupo de dez países, incluindo Austrália, Nova Zelândia, Hungria e Noruega, conseguiu "evitar um aumento perceptível nas mortes".
A doença causada pelo vírus Sars-Cov-2 causou diretamente mais de um milhão de mortes em todo mundo, de acordo com balanços oficiais.
Também resultou em mortes indiretas, devido aos seus efeitos sociais e econômicos e à desorganização dos sistemas de saúde, como queda na renda, atraso de diagnóstico, adiamento de cirurgias, diminuição da atividade física, maior número de suicídios e violência doméstica.