Crônica em homenagem a Jaime Pinto

O silêncio que ninguém ouviu...

Quieta, intransponível, ali está ela, como uma Deusa de Metal...

Misteriosa, cheia de magia, segredos até... Foi cúmplice de um rei-poeta, um rei-sentimento... rei-nu ao seu toque, que cantava baixinho suas canções, declamava despreocupado suas poesias, por tempo furioso, seus textos polêmicos, suas crônicas sinceras, que por vezes feriam as delicadas teclas... Mas ela, ah! Nada importava, doce se deixava levar pelos dedos ágeis de seu poeta eterno.

Discreta, silenciosa, dona de momentos únicos, companheira de horas difíceis, horas amargas. O calor de uma lágrima, o suor de uma dúvida, quem sabe? Mas isso faz parte de seu mundo, um mundo só seu, magicamente seu.

 Quanto encantamento devias sentir ao fitar teu mestre contemplando o papel branco iluminado pelas letras marcadas, formando palavras de justiça, amor, imensidão, movimento, encanto, proteção, igualdade, nascimento, tradição, orgulho. Palavras que lembram teu eterno amigo. Saudade deve sentir, saudade oculta em cada tecla negra, teclas que tinham o poder de transformar sonhos em realidade...

Pensa que me engana com teu jeito discreto, não, sei que tens mais vida do que muitos. Quase consigo ouvir o toque ritmado de uma longa conversa com o poeta, o homem triste, melancólico, furioso, forte, fraco, incansável... O toque que conta a passagem desse homem especial que nunca deixou de lutar por seus ideais... quem sabe por vezes sim... sei que me entende.

Máquina de escrever, uma simples máquina de escrever, é assim que te chamam, “a máquina de escrever de Jaime Pinto”.

Tolos! Mal sabem eles que só você ouviu o silêncio que ninguém ouviu...

(Texto de Ieda Beltrão)

Imagens raras de Jaime Pinto AQUI

Jaime Pinto e Rádio Santiago formam uma só palavra: comunicação

Ouça Campereando