Apesar dos apagões e do atraso de mais de uma hora no primeiro dia de desfile das escolas de samba de São Paulo, o público foi bastante receptivo com a apresentação das agremiações no Sambódromo do Anhembi, na zona norte da capital paulista. Mesmo após a chuva que atingiu a cidade no início da noite, camarotes e arquibancadas, por volta das 2 horas, estavam praticamente lotados.
O desfile deste ano contou, pela primeira vez, com a interpretação dos sambas-enredo na Língua Brasileira de Sinais (Libras), o que permitiu a um grupo de pessoas com deficiência auditiva vivenciar mais profundamente a experiência do carnaval no Sambódromo. A iniciativa foi da secretaria Municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida.
Pérola Negra
A primeira agremiação a entrar na avenida foi a escola de samba Pérola Negra. Com o samba-enredo Do Canindé ao Samba no Pé, a Vila Madalena nos Passos do Balé, a agremiação contou a história de índios e negros que, fugidos da escravidão, refugiaram-se na região. As alas e o enredo se desenvolveram até os tempos recentes, quando o bairro passou a ser ocupado por intelectuais e artistas.
O desfile da escola, porém, foi prejudicado, por duas vezes, por causa de apagões parciais dos refletores do sambódromo. A entrada da Pérola Negra na avenida já havia atrasado cerca de 30 minutos justamente em razão de um apagão que atingiu parte do sambódromo minutos antes da escola iniciar o desfile. Apesar dos problemas, a Pérola Negra conseguiu completar sua apresentação praticamente dentro do tempo limite.
O atraso, ocorrido logo no início, acabou por prolongar muito além do previsto o desfile das escolas de São Paulo. A última escola a entrar na avenida, a Acadêmicos do Tatuapé, que deveria começar o desfile às 5h45, iniciou a apresentação por volta das 7 horas.
Vila Maria
A Unidos de Vila Maria, uma das escolas mais aplaudidas na primeira noite de desfiles, levou para a avenida a história de Ilha Bela, cidade do litoral paulista. Índios, piratas e navegantes fizeram parte do enredo, elaborado pelo carnavalesco Alexandre Louzada.
Águia de Ouro
Já a Águia de Ouro trouxe para o carnaval o tema Ave Maria Cheia de Faces. Mais do que uma ode à mãe de Jesus Cristo, os carnavalescos Douglinhas, Juca, Izanzinho, Cuca e Pelezinho trataram dos sentimentos da feminilidade e maternidade. De acordo com eles, a intenção do desfile não era religiosa, mas uma homenagem as mulheres.
Rosas de Ouro
A escola Rosas de Ouro empolgou o público com um enredo sobre a tatuagem e a arte corporal. Muitas pessoas nas arquibancadas agitaram bandeiras cor-de-rosa durante a passagem da agremiação. Os carros alegóricos lembraram o hábito de gravar desenhos no corpo desde as origens ancestrais. Os diferentes significados da pintura permanente na pele foram destacados no desfile: amuleto, proteção, ritual de passagem, devoção religiosa, prova de amor e vaidade.
Nenê de Vila Matilde
Uma das escolas mais tradicionais da cidade, a Nenê de Vila Matilde, homenageou a atriz, cantora e dançarina Cláudia Raia. O desfile começou com uma referência à descoberta da vocação da artista, ainda na infância, na academia de dança da mãe. As alegorias passaram pelo início da carreira de Cláudia como dançarina e evoluíram para a chegada ao cinema e aos trabalhos na televisão.
Gaviões da Fiel
Já a Gaviões da Fiel, que contou com a presença de muitos torcedores nas arquibancadas, levantou o público o com tema É Fantástico! Imagine, Admire e Sinta. Com inspiração em romancistas, dramaturgos e até no espiritismo, a escola fez uma reflexão sobre a criação do homem no universo e o papel da imaginação na existência.
Acadêmicos do Tatuapé
A Acadêmicos do Tatuapé fez uma homenagem à escola de samba carioca Beija-Flor de Nilópolis, agremiação que compartilha as cores (azul e branco) e o padroeiro – São Jorge. As alegorias fizeram referência aos desfiles da escola carioca que, ao longo de sua história, alcançou 13 títulos e 12 vice-campeonatos.
EBC