A estiagem que castiga o RS há cerca de três meses e a má qualidade das pastagens no verão, período de engorda do gado para, com reservas de calorias enfrentar os pastos ruins do outono e do inverno, pode prejudicar o futuro da pecuária de corte do estado, com redução na natalidade, no peso do rebanho e nas exportações.
De acordo com o chefe da agência do IBGE-Santiago, a previsão é de quebra na natalidade de 20% do gado bovino (cerca de 625 mil bezerros que deixarão de nascer), diminuição nos abates pelos próximos dois anos e perda entre dez e quinze quilos, em média, no peso dos bezerros, além da queda nas exportações.
João Pedro Perufo observa que o frigorifico Mercosul, um dos mais importantes do estado, por exemplo, já conta com uma diminuição de 30% nas suas vendas externas./ O presidente da comissão de Pecuária de Corte da FARSUL, Fernando Adauto, aponta vários motivos para prever aumento nos prejuízos, que já chegam a R$ 678 milhões, apenas em relação à comercialização de curto prazo.
Perufo acrescentou que o que coloca o estado em destaque no setor é o consumo./ São produzidas cerca de 600 mil toneladas/ano de carne bovina e consumidas a mesma quantidade, o que representa consumo de 60 quilos per capita.
As chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul nos últimos dias beneficiaram as pastagens cultivadas e nativas, mas não foram suficientes para superar os prejuízos./ Os pecuaristas já adotam alternativas em relação à estiagem e ao pasto precário no inverno. Alguns começam a aproveitar resíduos da lavoura de arroz para a formação do feno; outros vendem gado antecipadamente aos frigoríficos para aproveitar o peso ainda alto./ Em Santiago são 202 mil cabeças de gado e no RS 14 milhões.